Existe Ordem ou Caos no Universo?

Por David Langness.

Aqui está provavelmente a maior e mais importante pergunta que a ciência alguma vez tentou responder: existe ordem ou caos no universo?

Nós, os humanos, pensamos nesta questão desde o tempo em que vivíamos em cavernas.

As nossas antigas comunidades humanas tentavam frequentemente explicar o que parecia aleatório, desconhecido ou caótico – terremotos, eclipses, secas, incêndios, inundações – como sendo obra de divindades furiosas, poderes sobrenaturais que se não podiam conceber ou compreender. Mas a ciência moderna, fiel à sua própria natureza, tentou demolir essas superstições procurando regras, leis, evidências de consistência, coesão e ordem no universo.

Isso significa que as leis que governam o universo físico – gravidade, termodinâmica, evolução e outras – representam tentativas científicas de entender a nossa vasta e complexa existência.

Hoje, a esmagadora maioria dos cientistas concorda com o resumo sucinto de Carl Sagan: “A ordem do universo não é uma suposição: é um facto observado”. É por isso que chamamos cosmos ao nosso universo, uma palavra grega que significa ordem e implica a profunda interligação entre todas as coisas. Na verdade, Sagan disse que usou o título Cosmos no seu livro e série de televisão porque “transmitia admiração pela forma intrincada e subtil como o universo está construído”.

Então, se existe ordem no universo – uma ordem que se expressa de forma intrincada e subtil – quem ou o que o criou essa ordem? A existência da ordem implica um ordenador? Filósofos, cientistas e teólogos dizem que essa pergunta tem duas respostas possíveis: ou um Criador ou nada.

Há quem acredite que nada criou a ordem no universo – que este simplesmente se desenvolveu por si próprio, num estado naturalmente ordenado, um produto do tempo, do acaso e dos caprichos da natureza. Outros dizem que isso é completamente impossível – apontando que ordem e organização nunca surgem do nada; pelo contrário, sempre vem de um organizador, uma inteligência superior e uma força criadora.

As respostas a esta pergunta básica, que muitas pessoas passaram a considerar na sua busca pelo sentido da vida, representam o cerne de toda a fé, toda a crença e toda a filosofia. A maneira como cada um de nós responde por si próprio, ajudará a determinar como e porquê cada um de nós vive sua vida e entende o seu papel no mundo da criação.

Os ensinamentos Bahá’ís afirmam que a existência de um universo com ordem exige uma razão de ser transcendente; uma força maior, para lá do espaço e do tempo; uma fonte definitiva e criadora da magnífica teia da vida. Na verdade, as Escrituras Bahá’ís enfatizam repetidamente que o próprio universo contém as evidências, que confirmam a existência de um Criador Universal:


De igual modo, olha para este universo ilimitado: existe, inevitavelmente um poder universal que abrange tudo, dirigindo e regulando todas as partes desta criação infinita; e se não fosse este Director, este Coordenador, o universo teria falhas e deficiências. Seria como um louco; enquanto podes ver que esta criação ilimitada exerce as suas funções numa ordem perfeita, cada parte dela desempenhando a sua própria função com total precisão, nem existe qualquer falha que se encontre em todo o seu funcionamento. Assim fica claro que existe um Poder Universal, que dirige e regula este universo infinito. Toda a mente racional pode compreender esse facto. (Selections from the Writings of ‘Abdu’l-Bahá, #21)

Este argumento cientificamente sólido, lógico e racional sobre a existência de Deus diz que o nosso universo organizado veio de um Ser Supremo inteligente, generoso e misericordioso. Se acreditarmos na lei universal de causa e efeito, como Aristóteles afirmou, então devemos descobrir a origem desses efeitos naquilo a que ele chamou a Primeira Causa.
Da mesma forma, Albert Einstein proferiu uma frase famosa, em resposta a uma pergunta sobre se ele acreditava num Criador: “Quando vejo um pedaço de torrada, sei que algures há uma torradeira”.

Essa formulação aparentemente simples esconde uma verdade muito mais profunda: que nada surge sem uma força motriz criadora. Tudo o que vemos, tocamos e encontramos tem essa mesma proveniência e herança. Todas as coisas existentes devem a sua realidade a uma fonte de energia que originalmente as trouxe à existência. Cada forma de vida, cada música, cada mesa, cada computador, cada carro, cada edifício e cada livro tem origem numa fonte de criatividade e inteligência que primeiro os imaginou e depois os concebeu e finalmente os criou.


‘Abdu’l-Bahá
, numa epístola que escreveu ao distinto cientista suíço Auguste Forel, formulou desta maneira:


Porém, quando reflectimos com mente aberta sobre este universo infinito, observamos que o movimento sem uma força motriz e um efeito sem uma causa são ambos impossíveis; que todo o ser veio à existência devido a numerosas influências e continuamente sofre reações. Essas influências também são formadas pela acção de outras influências. Por exemplo, as plantas crescem e florescem através das chuvas primaveris, enquanto a própria nuvem é formada por outros agentes e esses agentes, por seu lado, são reacções ainda a outros agentes. Por exemplo, as plantas e os animais crescem e desenvolvem-se sob a influência do que os filósofos dos nossos dias designam como hidrogénio e oxigénio, e reagem aos efeitos desses dois elementos; e estes, por sua vez, são formados por ainda outras influências. O mesmo pode ser dito de outros seres, quer eles afectem outras coisas ou sejam afectados. Este processo de causas prossegue, e afirmar que este processo continua indefinidamente é manifestamente absurdo. Assim, esta sequência de causas deve, por fim, levar necessariamente Àquele que é o Sempre-Eterno, o Todo-Poderoso, que é o Que depende de Si Próprio e a Causa Derradeira. Esta Realidade Universal não pode ser sentida, não pode ser vista. Deve ser necessariamente assim, pois é Omni-Abrangente, não-circunscrita, e esses atributos caracterizam o efeito, e não a causa.

Esta prova cosmológica sobre a existência de um Criador – que não podemos conhecer, mas cuja voz podemos ouvir através dos profetas e fundadores das grandes religiões do mundo – mostra claramente porque o nosso vasto e infinito universo funciona com regularidade e ordem, em vez de caos e desordem.


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Texto original: Is the Universe Ordered or Chaotic? (www.bahaiteachings.org)

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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site BahaiTeachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.


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